
O primeiro contato dos portugueses com os nativos que habitavam o Brasil há 500 anos atrás, é talvez, o grande divisor de águas na história dos povos indígenas deste país, como descreve o historiador brasileiro Eduardo Bueno em seu livro intitulado Brasil: Uma História – A incrível saga de um país: “Dos baixios lamacentos que é o atual Estado do Maranhão às longas extensões arenosas da costa do sul do Brasil, praticamente todo o litoral brasileiro estava ocupado por tribos do grupo Tupi-Guarani quando, em abril de 1500, Pedro Álvares Cabral desembarcou nas areias faiscantes de Porto Seguro. Havia cerca de 500 anos, Tupinambá e Tupiniquim tinham assegurado a posse dessa longa e recortada costa”.Ao longo dos dez dias que passou no Brasil, a esquadra de Cabral tomou contato com cerca de 500 nativos. Os tupiniquins viviam no sul da Bahia e nas cercanias de Santos e Bertioga (SP). Eram uns 85 mil. Por volta de 1530, uniram-se aos portugueses na guerra contra os tupinambás-tamoios, aliados dos franceses. Foi uma aliança inútil: em 1570 já estavam praticamente extintos, massacrados por Mem de Sá, terceiro governador geral do Brasil. Séculos mais tarde, o número de índios no extremo sul da Bahia não ultrapassa os 15 mil, estendendo-se por apenas 30 km do litoral, do município de Prado aos de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália.Além do que já foi descrito acima, dois momentos marcantes constroem a história indígena nesta porção do litoral baiano. O primeiro deles trata do surgimento do que é hoje a maior aldeia da região, Barra Velha, também conhecida pelos Pataxó como Aldeia Mãe, às margens do Parque Nacional do Monte Pascoal. No ano de 1861, preocupado com os constantes conflitos entre brancos e índios e, provavelmente, também com a possibilidade legal dos últimos reivindicarem as terras que ocupavam, o Presidente da Província da Bahia determinou a concentração compulsória de toda a população indígena da região numa única aldeia, a ser estabelecida no ponto médio daquela costa, junto à embocadura do rio Corumbau, dando origem assim à Barra Velha, relata José Sampaio em seu artigo: Breve história da presença Indígena no extremo sul baiano e a questão do território Pataxó de Monte Pascoal, e o apartheid indígena estava assim consolidado.O Segundo fala sobre o grande massacre ocorrido contra os Pataxós em 1951. Alguns anos antes da criação do Parque Nacional do Monte Pascoal, dois indivíduos de identidade misteriosa – sobre os quais se conjectura estarem ligados ao Partido Comunista da época - que, vindos até a aldeia sob o pretexto de ajudarem a definir os limites de suas terras e divisas, estimularam os Pataxós a saquear o pequeno comércio do povoado vizinho de Corumbau, o que desencadeou uma violenta reação policial a partir das cidades de Porto Seguro e Prado, comenta José Sampaio, dando origem a uma série de perseguições aos Pataxó e ao início de sua dispersão pela região. Os dois forasteiros foram mortos na primeira investida policial. Os confrontos com a civilização branca não param aí, e sua história segue através de muitos outros episódios de descaso e negligência com a população Pataxó.
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